- Garçom! Por favor me traga essa porção de coraçãozinho de frango que está aqui do cardápio.
- Sim senhor.
- Credo José Carlos! Você tem coragem de comer isso?
- Claro! Uma delícia. Foi por isso que viemos aqui.
- Não acredito. Me trouxe nesse barzinho só para comer coração de frango!
- Mas não é qualquer coração de frango. O tempero daqui é celestial.
- Me poupe José Carlos! Você sabe que eu não gosto desse tipo de comida e muito menos ambientes como este.
- Esse é o melhor barzinho da cidade! Olha lá fora quanta gente querendo entrar e não tem lugar aqui dentro. Sorte que fiz reserva com antecedência.
- Tá. E você pede justamente coraçãozinho de frango como porção?
- Pede o que você quiser também. Tem uma moelinha que é supimpa...
- Pelo amor de Deus José Carlos! Você sabe que detesto isso.
- Se não gosta de frango, eles têm iscas de fígado de boi ou então rã frita...
- Arg! Vou embora José Carlos!
- Está bem. Pede o que quiser...
- Garçom! Me traz uma salada por favor.
- Ora Margareth, salada de alface a gente come em casa!
- Prefiro comer alface do que essas nojeiras que você come.
- E desde quando coração de frango é nojeira?
- Você já parou para pensar quantos frangos precisam morrer para que pessoas como você possa comer essas porções?
- Não vai me dizer que agora virou vegana?
- Taí. Uma ideia excelente! Vou me tornar uma vegana.
- Para com isso Margareth! Você adora um contrafilé acebolado que eu sei.
- Pois não como mais contrafilé. A partir de agora não como mais nada de origem animal.
- E sua bolsa e seus sapatos são feitos de couro de animal.
- Vou jogar fora e comprar tudo sintético.
- Você que sabe Margareth. Eu vou continuar comendo meus coraçõezinhos de frango queira você ou não.
O garçom traz as porções de coração de frango e a salada.
- Uma delícia esses coraçõezinhos. E sua salada?
- Você me paga José Carlos. Quase nunca saímos no final de semana e quando resolvemos sair me faz passar fome...
- Deixa de frescura e procura no cardápio alguma coisa que você queira comer Margareth!
- Garçom! Me traz uma porção de contrafilé acebolado.
- Ué? Você não acabou de virar vegana Margareth?
- Vou comer só as cebolas...
*Jornalista, escritor e poeta, nasceu em Jacutinga (MG), possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova
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