Coraçãozinho de frango

*Rodrigo Alves de Carvalho


- Garçom! Por favor me traga essa porção de coraçãozinho de frango que está aqui do cardápio. 

- Sim senhor.  

- Credo José Carlos! Você tem coragem de comer isso? 

- Claro! Uma delícia. Foi por isso que viemos aqui. 

- Não acredito. Me trouxe nesse barzinho só para comer coração de frango! 

- Mas não é qualquer coração de frango. O tempero daqui é celestial. 

- Me poupe José Carlos! Você sabe que eu não gosto desse tipo de comida e muito menos ambientes como este.  

- Esse é o melhor barzinho da cidade! Olha lá fora quanta gente querendo entrar e não tem lugar aqui dentro. Sorte que fiz reserva com antecedência. 

- Tá. E você pede justamente coraçãozinho de frango como porção? 

- Pede o que você quiser também. Tem uma moelinha que é supimpa... 

- Pelo amor de Deus José Carlos! Você sabe que detesto isso. 

- Se não gosta de frango, eles têm iscas de fígado de boi ou então rã frita... 

- Arg! Vou embora José Carlos! 

- Está bem. Pede o que quiser... 

- Garçom! Me traz uma salada por favor. 

- Ora Margareth, salada de alface a gente come em casa! 

- Prefiro comer alface do que essas nojeiras que você come. 

- E desde quando coração de frango é nojeira? 

- Você já parou para pensar quantos frangos precisam morrer para que pessoas como você possa comer essas porções? 

- Não vai me dizer que agora virou vegana? 

- Taí. Uma ideia excelente! Vou me tornar uma vegana. 

- Para com isso Margareth! Você adora um contrafilé acebolado que eu sei. 

- Pois não como mais contrafilé. A partir de agora não como mais nada de origem animal. 

- E sua bolsa e seus sapatos são feitos de couro de animal. 

- Vou jogar fora e comprar tudo sintético. 

- Você que sabe Margareth. Eu vou continuar comendo meus coraçõezinhos de frango queira você ou não. 

O garçom traz as porções de coração de frango e a salada. 

- Uma delícia esses coraçõezinhos. E sua salada? 

- Você me paga José Carlos. Quase nunca saímos no final de semana e quando resolvemos sair me faz passar fome... 

- Deixa de frescura e procura no cardápio alguma coisa que você queira comer Margareth! 

- Garçom! Me traz uma porção de contrafilé acebolado. 

- Ué? Você não acabou de virar vegana Margareth? 

- Vou comer só as cebolas... 

*Jornalista, escritor e poeta, nasceu em Jacutinga (MG), possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores. 

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova

Cobertura do Jornal da Nova

Quer ficar por dentro das principais notícias de Nova Andradina, região do Brasil e do mundo? Siga o Jornal da Nova nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!